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12 dezembro 2004

Pego na mentira

Murilo Galvão

Hoje, domingo, deveria ser folga do redator. Acontece que acordei perguntando-me, afinal, para que escrevo, publico, edito ou "uploudo" um blog como este ?

Por que escrevo ? Para quem ? Estarão estas bobagens sendo lidas ? O que acharão delas meus "leitores", estes anônimos que nunca postaram um simples "comment" ? Não deve valer a pena ou porque nunca chegam ao final da leitura ?

Se não busco elogios, o que espero ? Estranho esta sensação, como a de um psicótico que não se convence de estar vigiado.

Será que o blog existe ? Disto, pelo menos, tenho certeza.

É que o telefone já tocou e ouvi : "Oi, só para lhe dizer que caruru não leva acento ...."; ou, de alguém que chega em casa e comenta : "Aí, Murilo .... dando uma de prosador, hein ? "; ou ainda, da rotina diária : "... de novo, já vai para o blog ?", reclama a mulher paciente com os longos momentos de reclusão a que me imponho frente a esta telinha diabólica e escravocrata.

Inquieto e curioso, instalo um "contador" ao pé da página, na esperança de vigiar o espaço, identificar os intrusos. Surpresa, são 10, 12 visitas ao dia. Pior, algumas visitas vindo do outro lado do mundo. A dúvida cresce : o que buscam aqui ? Algum nissei arrependido e com saudade do idioma ? Provavelmente erraram de endereço.

E aí me pego na mentira. Afinal não fui eu mesmo quem escreveu na abertura da página que são (ou deveriam ser) palavras escritas em busca do nada ?

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