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14 dezembro 2004

Luzes, Armas e Alegrias

Murilo Galvão
(i)
Na esquina da larga avenida novaiorquina observo.
Na calçada, multidão em ordem-unida sem comandos.
Nas pistas, policiais em abre-alas para a carreata judaica comemorando o Hannukah.
Músicas estridentes saídas de auto-falantes sofisticados sobre os carros passantes, à la propaganda eleitoral de interior.
Mais buzinas que de costume aumentam a confusão em meus ouvidos.
Parece noite de festa na avenida larga e iluminada, mas falta alegria.

(ii)
Por um instante vem à mente Canoa Quebrada, do longínquo Ceará, novembro de 2000.

(ii)
A saída era parte da rotina vespertina em busca do lanche da noite.
Deixando a pousada, sobre falésia estratégica, onde até o por do sol se podia observar o mar em seu colorido azul-verde-piscina que só os nordestinos sabem criar, seguimos pela rua estreita e curta.
Virando à primeira esquerda, um grande terreiro, praça em outros lugares.
Luzes, muitas luzes, num colorido cafona.
Sem origem definida, uma música de forró quebra o silêncio.
Paro em frente a uma barraca com patinhos coloridos desfilando ao fundo.
Sobre o balcão, espingardas enferrujadas a convidar para o exercício de Lampião.
Um, dois, três, não sei como, foram caindo os patinhos, sem sangue.
Recebo o prêmio ainda atônito com o imprevisível.
Ao meu lado, vejo abaixo, um guri que sorria (com o meu feito ?) para mim.
Dou-lhe o premio, agora brinquedo.
Não parecia uma festa na noite iluminada, mas havia muita alegria naquele terreiro.

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